O que é a teoria das 10 mil horas e como ela se aplica ao esporte?
Sabemos que a prática esportiva exige muitas horas de treinamento. Há algumas décadas, surgiu a teoria das 10 mil horas, que informava que a excelência em qualquer atividade estava relacionada com esse volume de tempo dedicado ao aprimoramento das técnicas, sejam elas quais fossem.
Isso seria o equivalente a um treino de 3 horas por dia em 10 anos, o que, de certa forma, não parece tão contraditório ou impossível como podemos imaginar inicialmente. O problema é que as últimas pesquisas apontam que esse número pode mudar consideravelmente de acordo com a pessoa e a atividade escolhida.
Além disso, no esporte existem outras variações que devemos ficar atentos. Ainda, a parte física e mental também devem ser trabalhadas e respeitadas do ponto de vista científico e da saúde. Neste post, falaremos como essa teoria surgiu, como ela se aplica ao esporte e quais são as principais informações acerca do tema.
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Quais são os princípios da teoria das 10 mil horas?
A princípio, a teoria das 10 mil horas foi “descoberta” por um psicólogo sueco, Anders Ericsson, nos anos 1990. Seu estudo — que consistia, essencialmente, em entender como as pessoas se tornavam experts — determinou a média de tempo de prática para a excelência em qualquer campo de atuação. Em seguida, um grande escritor canadense, Malcolm Gladwell, publicou esse conceito em um dos seus livros (Outliers), em 2008. Em questão de tempo, a teoria se tornou uma espécie de “conceito” no mainstream.
Vale ressaltar que números semelhantes já eram amplamente difundidos no esporte, especialmente nas artes marciais orientais. Um fato interessante é a antiga frase de Bruce Lee, que dizia: eu não tenho medo de um homem que treina 10 mil chutes, mas sim daquele que treina um único chute 10 mil vezes.
Tudo isso ajudou a reforçar a ideia do público geral — e inclusive do mundo acadêmico, por algum tempo — de que eram necessárias 10 mil horas para atingir a excelência, seja no esporte, na música ou em qualquer outro empenho ou área de conhecimento humano. Em termos práticos, isso significa que seriam necessárias 20 horas semanais em 500 semanas ou cerca de 3 horas por dia em 10 anos de prática para conseguir alcançar o nível de expert.
Quais são os problemas por trás dessa teoria?
Apesar de parecer razoável em um primeiro momento — afinal de contas, atletas começam a treinar desde muito cedo, assim como músicos e acadêmicos, de certa forma —, a teoria deixa de considerar inúmeros fatores. Um dos que mais causa problema é a individualidade humana, o que algumas pessoas costumam rotular como talento.
Pelo empirismo e pelos dados científicos, vemos claramente que existem certos tipos de aptidões e de qualidades que se sobressaem em cada indivíduo, e esse fator único ajuda a alterar essa quantidade de horas necessárias para excelência. Fatores biológicos e sociais também são outras grandes variáveis. Ainda, a qualidade técnica do professor ou treinador também pode influenciar consideravelmente os resultados do desenvolvimento de alguma área do conhecimento.
Aliando todos esses fatores, ficou claro que as 10 mil horas podem ser um exagero ou até mesmo um número pequeno, a depender de cada um. Inclusive, a teoria foi corrigida posteriormente pelo próprio psicólogo sueco em seus novos estudos, o que ajudou a desmistificar o número e a reiterar a importância das horas de prática/treino.
Como esse conceito é importante para o esporte?
Apesar de existirem controvérsias sobre a quantidade de horas para a excelência, é inegável que o treinamento contínuo de uma habilidade é extremamente importante para o desenvolvimento técnico de qualquer atleta. As pesquisas no campo da educação física mostram claramente que o treino — quando bem realizado — ajuda a fortalecer os gestos motores, além de garantir uma série de benefícios nas mais variadas valências físicas, incluindo agilidade e destreza, por exemplo.
Como é do conhecimento da maior parte dos treinadores, a boa técnica, normalmente, gera uma economia de movimento. Isso garante mais “espaço” para criação de jogadas ou até mesmo resolução de problemas em campo. De certo modo, a criatividade do jogador está intimamente relacionada com sua capacidade técnica e a repetição.
No entanto, a questão ainda fica sobre qual é o melhor método de treino e como maiores resultados podem acontecer em menos tempo. Ainda assim, simplesmente por uma maneira didática — ou para fins métricos —, o alcance das 10.000 horas pode ser um marco importante, especialmente para os mais novos que desejam seguir a carreira como jogador profissional.
O que o treinador deve saber sobre as horas de treino?
Nem toda hora de treino é igual. Além disso, cada indivíduo absorve melhor um tipo de metodologia. Por isso, é extremamente importante estar atento ao jogador e como ele reage ao longo das semanas e da temporada.
No caso do basquete, por exemplo, os fundamentos podem ser treinados por um momento, mas quicar a bola de maneira estática — mesmo por 10 mil horas — não fará com que o atleta tenha o melhor domínio de bola e nem do jogo, tudo isso porque o exercício não traduz o esporte em sua totalidade.
Esse exemplo é semelhante para quem faz treinos indoor ou em escala reduzida. Além disso, o próprio Anders Ericsson consegue traduzir a prática/treino em três grandes pilares: treino tradicional (repetições constantes), deliberado (quando há um único objetivo em mente na performance) e com propósito (que normalmente está relacionado com o esporte em sua totalidade).
Todos esses conceitos devem ser trabalhados de maneira holística para que se consiga o amplo desempenho esportivo. Logicamente, para a conquista desses resultados é imprescindível a qualificação técnica e a própria experiência do treinador, que, por mais irônico que pareça, também passa pela teoria das 10 mil horas ao longo da sua carreira.
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