Afinal, qual a relação entre a neurociência e o futebol?
A relação entre neurociência e futebol se torna mais complementar a cada dia. Cientistas e pesquisadores da área cognitiva têm estudado a ligação envolvendo a genialidade e o desenvolvimento da percepção. Apesar disso, o assunto ainda gera controvérsias no ambiente de convívio de muitos amantes do esporte.
Com conhecimento profundo da neuroplasticidade — capacidade do cérebro para se adaptar de maneira estrutural a novos aprendizados e experiências — e da própria fisiologia do sistema nervoso, inúmeros avanços estão sendo realizados nos métodos de treinamento e até mesmo na análise da performance de um jogador.
Todos esses aspectos transformaram nossa paixão nacional em um novo campo de interesse da comunidade acadêmica. No texto de hoje, trazemos informações relevantes a respeito da relação entre neurociência e esporte, em especial com o futebol. Ficou interessado em saber mais? Então continue a leitura até o fim!
A performance e a fisiologia do exercício
Não há como negar: em qualquer esporte, a condição física se destaca como um importante componente do alto rendimento. Entretanto, ainda são poucos aqueles que levam em consideração a adaptação do sistema nervoso como parte do treinamento esportivo e da fisiologia do esporte.
Você já parou para pensar no tema? Pois afinal de contas, como poderíamos treinar nossa cognição para conquistar resultados melhores com o passar do tempo?
A resposta para essa pergunta não é simples. Podemos informar, porém, que com pequenos testes práticos torna-se possível medir o tempo de reação, a capacidade de percepção e até mesmo o nível de concentração de cada jogador.
Todas essas áreas da cognição são essenciais para quem deseja avançar em qualquer esporte. Com algumas métricas nesses pontos citados, pode-se criar estratégias e novos métodos de treinamento que ajudam a desenvolver o aspecto neurológico de um atleta.
No treinamento para goleiros, por exemplo, cada vez mais é enfatizado o tempo de reação, principalmente em situações nas quais o jogador já se encontra em posição de desvantagem para uma eventual próxima defesa.
Para atacantes e outros jogadores, deve ser enfatizada a percepção de localização dos companheiros, assim como a busca por melhores alternativas (jogadas) para que se chegue à melhor maneira de surpreender o adversário que tenta impedir o avanço da equipe.
A criatividade, portanto, também figura como aspecto que exige evolução constante durante a preparação de um time. Na mesma linha do treinamento físico, ela deve ter seu espaço em um plano de treinamento desportivo.
Ter um corpo mais forte e flexível é importante. Entretanto, as capacidades são apenas ferramentas para que o jogador, por meio de sua percepção, seja capaz de desenvolver lances extraordinários e, consequentemente, conquistar resultados satisfatórios.
Inclusive a psicologia esportiva pode ser trabalhada e enfatizada durante os períodos de treino para melhorar ainda mais o desempenho dos jogadores de um clube.
O desenvolvimento motor no futebol
A neuroplasticidade, que citamos no início deste texto, se trata de um dos fatores que determinam a boa técnica de um indivíduo.
Quanto mais treinamos, mais eficientes nos tornamos. A repetição é o que resulta no alcance de novos níveis de proficiência no esporte ou em qualquer outra atividade.
O desenvolvimento motor infantil, por exemplo, aparece como uma área de profunda importância para o futebol ou qualquer outra atividade psicomotora. É nesta fase que a cognição dos indivíduos vive ampla e clara evolução.
Não é à toa que os melhores jogadores são aqueles que possuem um longo tempo de prática sistemática (cerca de 10 anos), dando início à práticas esportivas diversificadas por volta dos sete anos de idade. Em meio a esta fase do desenvolvimento, o sistema nervoso passa a se adaptar em alta velocidade para melhorar a coordenação e a interação com o ambiente.
É no estágio transitório da fase motora especializada, que começa aos sete anos e termina por volta dos 10, por exemplo, que as habilidades são refinadas e combinadas, bem como alguns movimentos são efetivamente aprendidos de modo isolado.
Isso quer dizer, por exemplo, que os fundamentos do futsal ou do futebol, quando aplicados corretamente em indivíduos que estão nessa faixa etária, são capazes de “moldar” as habilidades do jogador, fazendo com que ele se desenvolva com um amplo repertório motor em relação aos jogadores que começaram mais tarde.
Uma análise de desempenho no futebol pode facilmente demonstrar esses dados, o que ajuda a denotar mais uma vez a proximidade e a importância da neurociência no esporte.
A qualificação da performance por meio do treinamento esportivo
Com todas essas informações, fica cada vez mais claro que o caminho para atingir performances mais elevadas é o treinamento esportivo variado e cada vez mais específico para cada jogador ou equipe.
Bons jogadores são desenvolvidos, e não simplesmente “nascem” com um talento exacerbado. Na verdade, o talento — que existe e nada mais é que a facilidade de aprendizado de uma determinada área — também deve ser trabalhado para que essa característica chegue ao seu potencial pleno.
Cabe ao profissional de educação física identificar as aptidões de cada jogador — seja ele novo ou com idade mais avançada — e prescrever o treinamento adequado. Sem esse especialista, a prescrição de um programa de exercícios é desaconselhada, além de proibida pelo CONFEF.
Vale lembrar também que, quanto mais atualizado for o currículo deste profissional, maiores serão as chances de um bom desenvolvimento esportivo, principalmente se houver foco voltado a um esporte em especial.
Não podemos deixar de mencionar ainda que a performance de uma equipe também se deve ao fator interdisciplinar de todos os responsáveis pela saúde e desenvolvimento físico de cada atleta.
Conforme observamos ao longo do artigo de hoje, cada vez mais áreas estão participando da discussão e incluindo novas abordagens para que o rendimento esportivo ultrapasse os limites que conhecemos até aqui.
Cabe a nós mantermos a discussão ativa e sempre mais inclusiva para novas teorias e perspectivas acadêmicas. Assim, a tendência é de que avancemos continuamente nos conhecimentos técnicos acerca do corpo humano e todo seu potencial.
Esse foi o nosso material do dia, sobre a relação entre neurociência e futebol. Gostou? Deixe seu comentário abaixo e enriqueça a discussão! Adoraríamos saber sua opinião a respeito de um tema tão relevante!