5 times campeões em gestão do esporte

A gestão do esporte é um assunto cada vez mais comentado no mundo. Fala-se sobre a necessidade de modernização dos modelos e da atualização dos profissionais da área. O Brasil, no entanto, ainda fica para trás nessa discussão, fazendo com que seja cada vez mais necessário debater sobre e se espelhar naqueles que fazem da maneira correta.

Sabe-se que um time se torna campeão também com uma boa gestão. Tudo está interligado e o que se passa dentro de campo ou da quadra é reflexo de um trabalho que pode ser melhorado a partir de um trabalho sistemático, que percebe o esporte como um todo.

Por isso, a seguir, vamos apresentar cinco times campeões em gestão do esporte.

1. Chapecoense: gestão de futebol blindada

No ano de 2005, a Chapecoense estava falida e na Série D do futebol brasileiro. Algum tempo depois, um grupo de empresários se juntou para reerguer a equipe. Ao tirar dinheiro do próprio bolso, no entanto, impuseram um modelo de gestão diferente do que estava sendo praticado no futebol brasileiro.

Austeridade é a palavra-chave na ascensão da Chape. Desde o início da retomada, em 2009, a associação é controlada com pés no chão. Foi assim que em cinco anos – de 2009 até 2013 –, a Chapecoense subiu da Série D para a Série A do Campeonato Brasileiro, resultado de uma gestão sustentável e equilibrada.

Na Chapecoense, o teto de salário para um jogador é de R$ 90 mil, o mesmo para o técnico da equipe. Ninguém ganha mais que isso e a folha de pagamento é ajustada no limite definido a partir das receitas.

Trata-se de uma divisão do que entra nos cofres do público: como a cota da televisão, patrocínios na camisa, departamento comercial e dos ingressos e sócio torcedores.

Com uma base de torcedores fiel por conta da regionalização específica da equipe, a Chape sempre enche a Arena Condá, o que preenche mais de um quinto do orçamento.

Juntando tudo que entra, depois de todos os investimentos em estrutura e pagamentos para o funcionamento do clube, o superávit vem. Foi assim que a dívida da equipe foi quase completamente dizimada. No final de 2016, eram cerca de R$ 500 mil em débito, o que contrasta com os R$ 700 milhões devidos pelo Botafogo, por exemplo.

Mesmo depois do terrível acidente com a equipe, em 2016, mais uma vez, a Chape recomeçou. Com um elenco limitado, mas com um trabalho eficiente e cauteloso.

2. Atlético Mineiro: o melhor fora do campo

No esporte em geral, pode-se ganhar um campeonato fora do campo. A partir da responsabilidade na gestão e na qualidade da estrutura oferecida, uma equipe eleva seu patamar. Esse é o recado que o Atlético Mineiro tem dado aos seus adversários com a construção da Cidade do Galo, eleita o melhor centro de treinamento de futebol do país e um dos melhores do mundo.

A conquista da Copa Libertadores em 2013 pode ser considerada um fruto do trabalho realizado na Cidade. Com times de boa qualidade há pelo menos cinco temporadas, é fora de campo que o Galo apresenta seu maior trunfo.

Localizada em Vespasiano, a Cidade do Galo é referência no assunto e conta, em sua estrutura, com quatro campos, um hotel com 20 suítes para concentração, restaurante, auditório, departamentos médico e odontológico, sala de fisiologia, vestiários com banheiras de hidromassagem, academia, piscina aquecida, tanques de gelo e uma sala de imprensa completa.

Tudo com energia fornecida por aquecimento solar e gás natural.

A Eurosport colocou a Cidade do Galo entre as cinco melhores estruturas de treinamento do planeta. A Argentina escolheu o local como concentração durante a Copa do Mundo de 2014 e rasgou elogios.

3. FC Porto: explorando talentos

A história do Futebol Clube do Porto é bastante singular. Situado fora da capital e numa cidade com pouco mais de 200 mil habitantes, o clube se mantém muito forte tanto no cenário nível doméstico, quanto na Liga dos Campeões. Isso se deve principalmente a uma fórmula encontrada e aprimorada ao longo dos últimos 20 anos.

Com uma rede de observação consolidada na América do Sul, os olheiros do time garimpam talento entre os jogadores da região. Assim, conseguem detectar potenciais craques a um preço acessível recebendo salários pouco competitivos em relação à Europa.

Depois desse primeiro trabalho, fecha-se a contratação de sul-americanos e os colocam para jogar numa liga de nível mediano, que é a portuguesa, onde seus jogadores se destacam.

Sempre demonstrando boas campanhas na Liga dos Campeões, os profissionais do Porto valorizam o elenco e, então, lucram muito dinheiro com a venda para os gigantes do futebol europeu.

Foi assim, que, neste século, o Porto lucrou mais de R$ 1 bilhão de reais. Comprando barato e vendendo caro. Subsidiando, assim, todo o funcionamento de um clube local que virou um grande.

Entre os maiores exemplos de sucesso que começaram no time estão os brasileiros Danilo, Alex Sandro − ambos do Santos −, Hulk e Fernando, além dos colombianos Falcao e James Rodríguez.

4. Sada Cruzeiro: conquistando o mundo

O Sada Cruzeiro é um ponto fora da curva na história do vôlei brasileiro. Muito bem-sucedido com relação às seleções, o vôlei praticado por clubes no Brasil nunca conseguiu repetir o mesmo sucesso. Até que surgiu o Sada Cruzeiro.

Antes chamado apenas como “Sada”, o time surgiu como projeto do ítalo-brasileiro Vittorio Medioli para crianças de Betim, em 2006. O projeto foi ganhando corpo e, em 2007, surgiu a oportunidade e ingressar na Superliga Nacional.

Dois anos depois e com campanhas modestas, a equipe subiu de patamar ao fechar uma parceria com o Cruzeiro. O empreendimento foi abraçado por uma torcida apaixonada e cresceu em estrutura, atraindo o técnico argentino Marcelo Mendez que, na sequência, formou um time com valores como William, Serginho e Wallace.

Desde então, com um trabalho constante apostando na estabilidade e em mudanças pontuais, a equipe se sagrou a maior do país no vôlei masculino. São cinco títulos nacionais, quatro sul-americanos e três mundiais. Um retrospecto impressionante.

Nestes tempos em que projetos vêm e vão, a continuidade do Sada garante também sua base de trabalho. São jogadores confortáveis num elenco que muda pouco a cada ano, mesmo com o grande assédio.

5. San Antonio Spurs: simplicidade como filosofia

San Antonio é o nome de uma cidade norte-americana não tão conhecida como Los Angeles ou Nova York e o time de basquete não é tão badalado quanto são os de Boston e Chicago. Entretanto, é de lá que vem o maior exemplo de boa gestão quando o assunto é NBA.

Muito por conta do treinador da equipe Gregg Popovich, a franquia se transformou ao longo dos últimos 20 anos e hoje é um modelo. Desde 1996, técnico dos Spurs tem o título de comandante mais longevo em todas as ligas americanas. Ele baseia seu trabalho na simplicidade, lealdade e diversidade.

A simplicidade, aliás, está em tudo. Nas cores do uniforme, e especialmente no padrão de jogo, que é constitui sempre em passar e se movimentar de forma rápida e eficiente, princípios básicos do basquete.

A lealdade fica por conta dos pilares que foram a fundação de sucesso da franquia. São eles Tim Duncan, Manu Ginobili e Tony Parker, principalmente. Um trio que chegou muito jovem a San Antonio entre os anos 1990 e 2000 e lá ficou.

Talentos desenvolvidos com todo carinho cultivaram um relacionamento que se espalha para toda a equipe, criando um senso de companheirismo que partiu de Popovich e que hoje faz parte da cultura dos Spurs.

Popovich acredita que o esporte se globalizou, sendo é possível encontrar jogadores de qualidade em todo o mundo. Por isso, os Spurs são a equipe mais internacional da NBA, com atletas de diversas regiões. Ginobili, por exemplo, é argentino e Parker é francês. Brasileiros, australianos, europeus e africanos também formam o time, gerando uma combinação interessante.

A partir dessa filosofia simples de gestão, os Spurs conquistaram cinco vezes a NBA, sendo Popovich eleito técnico do ano por três vezes.

Cada um de uma forma, com características próprias, esses times mostram que são várias as maneiras de se aplicar uma boa gestão do esporte. Seja no futebol, no vôlei ou no basquete, gerenciar com qualidade é sempre possível, independentemente de recursos em excesso ou de craques na equipe.

Inspire-se nos exemplos e dê uma olhada neste outro artigo sobre o crescimento do futebol nos Estados Unidos, modelo de boa gestão do esporte.

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